quarta-feira, 25 de maio de 2011

Ruy Guerra Highlight


Highlight da entrevista com o realizador Ruy Guerra realizada hoje (25 de Maio) pela equipa do mestrado Rafael A. Martins e Tony Costa


Pergunta :


Disse numa entrevista que o cinema novo era feito com muito poucos recursos que o importante era filmar, hoje os jovens tem aceso a meios técnicos muito mais barato e acessíveis, o que os impede de conseguirem um movimento tão importante como o cinema novo?


segunda-feira, 23 de maio de 2011







Nascido em Moçambique em 1931 e radicado no Brasil desde 1958, o cineasta Ruy Guerra participou de vários filmes em diversas funções como montador, assistente de direcção, fotógrafo, roteirista e actor. Em 1961, Ruy Guerra dirigiu seu primeiro longa metragem Os Cafajestes, sucesso internacional. Em seguida, com Sweet Hunters, ganhou Medalha de Ouro no Festival de Veneza; com Mueda, Memória e Massacre um Prémio União da Amizade dos Povos; então o aclamado Os Fuzis ganhou Urso de Prata no Festival de Berlim e ainda pelo Cahiers du Cinèma foi considerado um dos Melhores Dez Filmes da História do Cinema; já Os Deuses e os Mortos rendeu um Candango de Ouro no Festival de Brasília e A Queda um Urso de Prata no Festival de Berlim; obteve absoluto sucesso de crítica e público com Erêndira, assim como em Ópera do Malandro, que lhe rendeu Prémio de Melhor Direcção no Festival do Rio de Janeiro; A Fábula da Bela Palomera trouxe o Prémio FICC de Melhor Filme; Kuarup foi premiado em Cuba e na Espanha como Melhor Filme; Estorvo veio como Melhor Fotografia e Trilha Sonora em Gramado e Melhor Direcção n Espanha; e seu o último filme, O Veneno da Madrugada, em 2005, foi premiado no Festival de Brasília e em Cuba, com Melhor Fotografia e Melhor Arte. Com 60 anos de carreira no cinema, acumula 60 prémios por seus filmes ou pelo conjunto de sua obra. Em 2008, foi homenageado pelo Ministério da Cultura, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, pela Ordem do Mérito Cultural e em 2009 recebeu o troféu Kikito de Cristal pelo conjunto de sua obra no Festival de Gramado. Ainda é escritor, poeta e cronista; tem publicado os livros As Mãos dos Pretos e Vinte Navios, e foi cronista na Coluna Semanal do Jornal O Estado de São Paulo. Foi produtor e director teatral, escreveu O Homem de La Mancha e Calabar, o Elogio da Traição em parceria com Chico Buarque, e Dom Quixote de Lugar Nenhum estrelado por Edson Celulari em 2007. Ainda é um letrista excepcional, com parceiros como Chico Buarque, Edu Lobo, Francis Hime, Sérgio Ricardo, Baden Powell, Luis Eça, Milton Nascimento, Marcos Vale, Dulce Nunes, Carlos Lyra e tantos outros grandes nomes da música brasileira. Em 2010, além de ministrar um curso de direção e linguagem cinematográfica na Escola de Cinema Darcy Ribeiro, no Rio de Janeiro, e comandar um grupo de estudos permanentes sobre a construção da imagem sob inúmeras vertentes investigativas, batizado de O Pensar e o Fazer; ainda se prepara para filmar a sua próximo longa e presentear, mais uma vez, a história do cinema brasileiro.


:: Filmografia como Realizador ::

2006 :: O veneno da madrugada
2004 :: Portugal S.A.
2000 :: Estorvo
2000 :: Monsanto (TV)
1992 :: Me alquilo para soñar (telessérie)
1989 :: Kuarup
1988 :: Fábula de la bella Palomera
1986 :: Ópera do malandro
1983 :: Eréndira
1981 :: Histoires extraordinaires: la lettre volée
1980 :: Mueda, memória e massacre
1976 :: A queda
1970 :: Os Deuses e os Mortos
1969 :: Ternos caçadores
1964 :: Os Fuzis
1962 :: Os Cafajestes
1960 :: O Cavalo de Oxumaré
1954 :: Quand le soleil dort (Quando o sol dorme)



Fuzis - http://www.youtube.com/watch?v=4H3TpvOHHYM&feature=player_embedded

«Os Cafajestes»

«Os Fuzis»


Moçambique: Daniel, o cineasta Rui Guerra e Malangatana, escultor e líder foto: Fernando Silva (fonte: http://saitica.blogspot.com/2010/09/quinta-feira-2-de-setembro-de.html

Obra de callado foi adaptada para o cinema por Ruy Guerra

Enquadramento político no Brasil entre os anos 50 a 85. 24 de Fevereiro 1963 - Início das campanhas da FRELIMO para a luta armada de independência. moçambicana de Portugal, abrindo mais uma frente na Guerra Colonial Portuguesa. 31 de Março e 1 de Abril - Golpe de Estado no Brasil derruba da presidência João Goulart. Regime Militar 1964-1985 O Regime militar no Brasil foi um período da História política brasileira iniciado com o golpe militar de 31 de Março de 1964, que resultou no afastamento do Presidente da República de jure e de facto, João Goulart, assumindo provisoriamente o presidente da Câmara dos Deputados Ranieri Mazzilli e, em definitivo, o Marechal Castelo Branco. O regime militar teve ao todo cinco presidentes e uma junta governativa, estendendo-se do ano de 1964 até 1985, com a eleição do civil Tancredo Neves. O regime pôs em prática vários Atos Institucionais, culminando com o AI-5 de 1968 a suspensão da Constituição de 1946, a dissolução do Congresso Brasileiro, a supressão de liberdades individuais e a criação de um código de processo penal militar que permitiu que o Exército brasileiro e a polícia militar do Brasil pudessem prender e encarcerar pessoas consideradas "suspeitas", além de qualquer revisão judicial. O golpe contra o governo de João Goulart Golpe Militar de 1964 Tropas militares, na madrugada do dia 31 de março de 1964, sob o comando do general Olympio Mourão Filho marcharam de Juiz de Fora para o Rio de Janeiro com o objectivo de depor o governo constitucional de João Goulart. O presidente encontrava-se no Rio de Janeiro quando recebeu um manifesto exigindo sua renúncia. O chefe da Casa Militar, general Assis Brasil, não conseguiu colocar em prática um plano que teria a função de impedir um possível golpe. Os partidos de sustentação do governo ficaram aguardando a evolução dos acontecimentos. O presidente, de Brasília, seguiu para Porto Alegre e se refugiou numa estância de sua propriedade, e depois rumou para o Uruguai, o que levou o presidente do Senado Federal a declarar vagas a presidência e a vice-presidência da república e empossar o presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli, na presidência da república. No dia 2 de abril ocorre a Marcha da Vitória, na cidade do Rio de Janeiro, comemorando a deposição do presidente João Goulart. Blindados, viaturas e carros de combate ocuparam as ruas das principais cidades brasileiras. Sedes de partidos políticos, associações, sindicatos e movimentos que apoiavam reformas do governo foram destruídas e tomadas por soldados fortemente armados. À época, estudantes, artistas, intelectuais, operários se organizavam para defender as reformas de base. A sede da União Nacional dos Estudantes (UNE) foi incendiada. Segundo a Fundação Getúlio Vargas, "(…) o golpe militar foi saudado por importantes sectores da sociedade brasileira. Grande parte do empresariado, da imprensa, dos proprietários rurais, vários governadores de estados importantes (como Carlos Lacerda, da Guanabara, Magalhães Pinto, de Minas Gerais, e Ademar de Barros, de São Paulo), além de sectores da classe média, pediram e estimularam a intervenção militar, como forma de pôr fim à ameaça de esquerdização do governo e de controlar a crise econômica." Os Estados Unidos participaram da tomada de poder, principalmente através de seu embaixador no Brasil, Lincoln Gordon, e do adido militar, Vernon Walters, e haviam decidido dar apoio logístico aos militares golpistas, caso estes enfrentassem uma longa resistência por parte de forças leais a Jango: em Washington, o vice-director de operações navais, John Chew, ordenou o deslocamento para Santos de uma força-tarefa (incluindo o porta-aviões Forrestal, seis contratorpedeiros, um porta-helicóptero e quatro petroleiros), operação que, embora não completada, ficou conhecida como "Brother Sam".Após a deposição de João Goulart, vieram os Atos Institucionais (AI), mecanismos jurídicos criados para dar legitimidade a ações políticas contrárias à Constituição Brasileira de 1946 que consolidaram o novo regime político implantado. O presidente João Goulart permaneceu em território brasileiro até o dia 2 de abril. Nesse dia, em um golpe parlamentar, o Congresso Nacional declarou que a Presidência da República estava vaga e deu posse ao Presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzili, que permaneceu no cargo até 15 de abril de 1964, embora representasse um papel meramente decorativo: o governo era exercido pelos ministros militares. Em uma inversão constitucional - os militares passando de defensores da Constituição a árbitros de uma crise política - acabou predominando a força das armas e o Presidente da República foi deposto. Goulart partiu para o exílio no Uruguai, morrendo na Argentina, em 1976.

Outra nota biográfica:

Ruy Guerra Ruy Alexandre Guerra Coelho Pereira (Maputo, antiga Lourenço Marques, Moçambique, 22 de Agosto de 1931) é um realizador de cinema de origem portuguesa. Nasceu no então território português de Moçambique. Estudou no Institut des hautes études cinématographiques (IDHEC) de Paris a partir de 1952. Desde 1958 atuou como assistente de direção, antes de se instalar no Brasil, onde dirigiu seu primeiro filme, Os cafajestes (1962). Ingressando nas fileiras do Cinema Novo, em 1964 realizou seu melhor filme, Os fuzis, ao qual se seguiram obras notáveis como Tendres chasseurs (1969) e Os deuses e os mortos (1970). A situação política brasileira durante a ditadura militar impôs-lhe uma pausa que terminaria em 1976 com A queda. Em 1980 regressou a Moçambique, onde rodou Mueda, Memória e Massacre, o primeiro longa-metragem desse país. Ainda em Moçambique, realizou diversos curtas e contribuiu para a criação do Instituto Nacional do Cinema. Em 1982 rodou no México, Erêndira, baseado em A incrível e triste história da Cândida Erêndira e sua avó desalmada, de Gabriel García Márquez. Posteriormente dirigiu: o musical Ópera do malandro (1985), baseado em peça de Chico Buarque; Kuarup (1989), baseado no livro Quarup, de Antônio Callado; e o telefilme Fábula de la bella palomera, também baseado em Gabriel García Márquez. Foi casado com a atriz Leila Diniz com quem teve uma filha, Janaína Diniz Guerra, nascida em 1971. Foi também casado com a atriz Cláudia Ohana com quem teve uma filha, Dandara Guerra, nascida em 1983

A entrevista (Planeamento das questões a colocar ao entrevistado)

1-O Ruy Guerra é um artista Multifacetado é diretor de cinema , escreve para cinema, para teatro, fez letras para música, é ator, diretor de fotografia, dentro de tantas atividades como se define?

2- Fez um filme com 17 anos com uma câmara de 8 mm emprestada, sobre os trabalhadores portuários negros em Moçambique que lhe trouxe problemas com a polícia política, já tinha consciência do poder que o cinema podia ter?

3 – Foi perseguido pela Polícia política por causa do filme. Conte-nos esse episódio com a PIDE.

4 – Foi durante a juventude em Moçambique onde viveu num país colonializado, oprimido pela política que lhe formatou a consciência política? É a partir daí que defende a independência ?

5-Em 1952 vai para Paris estudar para IDHEC, onde havia uma intensa efervescência na discussão sobre a política do cinema de autor com Truffaut, Godard, Rohmer, e Chabrol como foram estes anos?

6-Queria ser escritor, adaptou para o cinema obras de Gabriel Garcia Marques, Chico Buarque entre outros, chama-lhe o cineasta da palavra, como é que a literatura influencia o seu trabalho?

7- Está ligado ao surgimento do cinema novo Brasileiro, o filme «Os Cafajestes» de 1962 foi um enorme êxito de bilheteira, era um cinema que contrariava a produção que até então se fazia no Brasil como define esse período?

8 – Foge da ditadura portuguesa para o Brasil em 1958, mal sabia que seis anos mais tarde se instala uma longa ditadura militar que se prolongou até 1985. Como foi essa experiência de vida?

9-Disse numa entrevista que o cinema novo era feito com muito poucos recursos. que o importante era filmar, hoje os jovens tem aceso a meios técnicos muito mais barato e acessíveis, o que os impede de conseguirem um movimento tão importante como o cinema novo?

10-Voltou a Moçambique depois da independência para ajudar a fundar INC. Instituto Nacional de Cinema, o que pretendia com essa experiencia?

11-Filmou em Moçambique «Mueda, Memória, Massacre» 1979/80, e em Portugal «Monsanto» 1999/2000, como foi a abordagem as vitimas dos dois lados do mesmo conflito?

12- O mundo Lusófono é avaliado hoje entre 190 e 230 milhões de pessoas. O português é a oitava língua mais falada do planeta, a Literatura e a música conseguiram vencer barreiras, hoje no mundo lusófono todos conhecem Jorge Amado, Mia Couto, José Saramago, Caetano Veloso, Chico Buarque entre outros a televisão com as novelas da Globo foram um caso de sucesso no mundo, o que faz com que o cinema feito nos diversos países Lusófonos não consigam vencer estas barreiras?

13- Filmou em Cuba, França, Brasil, Portugal, Alemanha e em muitos outros lugares. A linguagem cinematográfica é universal?

14- Poderia falar como é a ambientação aos meios de produção e técnicos dos diferentes Países?

15 – Como avalia a importância da fotografia em conjugação com a câmara Não só nos seus filmes mas no cinema em geral?

16 – Noutros tempos o director de fotografia tinha a fotografia de cada plano na cabeça. Hoje já não é mais o mágico que faz aparecer uma imagem. Hoje liga-se uma câmara e obtém-se uma imagem. Como vê o futuro do director de fotografia? Vai perder a sua arte?

17-Como foi a responsabilidade de adaptar para o cinema um Romance de um prémio Nobel ?

18 – Depois de um longo e riquíssimo percurso de vida de ter vivido as guerras de libertação em África, convivido com artistas franceses precursores do Maio 68, ter emigrado de África para o Brasil e ficar sujeito a nova ditadura e ainda a Guerra Fria, que balanço faz do mundo de hoje?

19- Nos seus filmes trabalhou tanto com adaptações como com textos escritos por si, podia falar nas diferença de processos?

20 - Nas suas aulas costuma dizer aos seus alunos para fazerem filmes Norte Americanos, os ensina em três horas, o que lhes quer transmitir?

21-Conhece a realidade cinematográfica Portuguesa e Brasileira quais as grandes diferenças de produção?

22-Como explica o sucesso internacional de filmes como «Cidade de Deus» e «Tropa de Elite» ?

23-Gosta do cinema que se faz hoje no Brasil?

24 - Acompanha o Cinema que se faz hoje em Portugal?

25- Muitos dos seus filmes tem um conteúdo político, acha que o cinema tem um papel essencial na denuncia das injustiças sociais?

26-Já ganhou vários prémios internacionais, entre os quais um urso de prata no festival de Berlim pelo «Os Fuzis» , Já fez todos os filmes que queria?